Nativa do e-commerce, a Petlove decidiu investir R$ 40 milhões em lojas físicas, apostando em um modelo distinto de suas maiores rivais, a Petz e a Cobasi
Por Felipe Mendes Atualizado em 7 out 2022, 1…
No comércio varejista, tornou-se cada vez mais indispensável a participação de grandes redes de lojas por meio da internet. Algumas marcas investem no próprio ecossistema de <strong>e-commerce</strong>, enquanto outras se aproveitam dos chamados <em>marketplaces</em>, que funcionam como grandes vitrines virtuais. Embora contraintuitivo, também ganha força o movimento contrário: a chegada de marcas nativas do mundo digital a pontos de venda físicos. É o caso da <strong>Petlove</strong>, que inaugurou, nesta quinta-feira 6, uma loja de 600 metros quadrados no bairro de Santana, na zona norte de São Paulo, em um investimento de 2,8 milhões de reais. O aporte faz parte de um plano robusto de investir 40 milhões de reais para aberturas de lojas até o fim deste ano.
A unidade de Santana é a quinta operação física da marca. Além de dois quiosques, são três lojas — as outras duas nos bairros Moema e Tatuapé, ambas em São Paulo. A metrópole paulistana tem sido usada como um norte para o plano de expansão de lojas físicas, que logo deve ganhar tração para outros estados. “A nossa ideia é ter até o começo do ano que vem 10 lojas, fora os quiosques. Estamos testando três conceitos de lojas diferentes para coletar as informações e entender quais são os melhores formatos para expandir”, afirma a CEO da Petlove, Talita Lacerda. A companhia pretende que em três anos um terço de seu faturamento seja proveniente da operação física.
Enquanto suas rivais se notabilizaram por apostar em megalojas, a Petlove quer crescer por um formato mais próximo de “vizinhança”, com foco em sortimento formado por produtos exclusivos e um ambiente com área de lazer e integração digital. Cada modelo de loja pode variar entre 250 metros quadrados a 1 000 metros quadrados. A ideia, segundo Lacerda, é testar os diferentes modelos para escolher o mais adequado para levar o modelo de franquias para outros estados. “Estamos investindo 40 milhões de reais nesta fase 1. E as outras ondas de investimento dependerão do modelo a ser escolhido. Parte da expansão será via lojas próprias, mas outra parte vai se dar pelo modelo de franquias”, complementa ela.
De certa forma, a expansão por meio de lojas físicas remonta às origens da empresa, quando seu fundador, Marcio Waldman, detinha uma clínica veterinária, à época chamada Petsupermarket. Depois de quase ir à bancarrota nos anos 2000, Waldman percebeu uma curva ascendente para a venda de produtos para animais pela internet e voltou suas forças para isso, encerrando a operação física de sua clínica. Hoje, no entanto, a Petlove se tornou uma das três grandes empresas do varejo voltado para os animais de estimação no Brasil, com um faturamento estimado para este ano de aproximadamente 1,2 bilhão de reais, um avanço de mais de 40% em relação a 2021. No mercado brasileiro, apenas outras duas varejistas atingem uma receita bilionária: é o caso da Petz e da Cobasi. Para o consultor Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, a abertura de lojas físicas por uma marca tradicional de e-commerce faz sentido para suprir os interesses dos consumidores. “As jornadas do consumidor não são ‘monocanal’. Tem muitas categorias onde o contato físico com o produto, a qualidade do serviço e o atendimento fazem muita diferença. É um caminho trilhado no Brasil pela Amaro e pela Mobly, e nos Estados Unidos, sobretudo, pela Amazon”, diz ele.
A empresa ainda recebeu nas últimas semanas um aporte da Globo Ventures, a aceleradora de negócios da família Marinho, dona da Rede Globo de televisão. Parte da expansão física da Petlove, inclusive, tem sido suportada por uma rodada de investimentos feita há um ano, quando a companhia levantou 750 milhões de reais em um aporte liderado pela Riverwood e que também contou com a participação de fundos como Kamaroopin, Softbank, Kaszek e Monashees. “Por trás desses aportes, há uma visão de longo prazo, tendo em vista que estamos inseridos em um mercado de mais de 50 bilhões de reais, que cresce e é fragmentado”, justifica Lacerda. Sem especificar uma data para isso, a CEO afirma que a empresa estuda, para o futuro, sua abertura de capital na bolsa de valores.
Além da expansão de lojas física, a Petlove quer crescer sua área de planos de seguro de saúde para animais de estimação. Com a incorporação da PortoPet, o plano de saúde para pets da Porto Seguro, a companhia tem encontrado um novo nicho para crescer. “Estamos firmando parcerias com grandes empresas, como a P&G e a Coty, que oferecem o plano de saúde como benefício para seus funcionários. Já temos mais de 20 acordos fechados com outras empresas”, afirma a CEO. É possível adquirir os planos de forma individual. O plano mais caro custa mensalmente 99,90 reais por cão e inclui, além de apoio a uma rede conveniada, desconto e frete grátis para compra de medicamentos.